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Blogue da Roseli

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Foto do escritorRoseli

Toda vez que estamos em março e uma tempestade se aproxima pensamos em Tom Jobim. Essas são águas antigas, de 1972, e em 1974 Tom e Elis imortalizaram essa canção. Nem é mais fato que o mês de março seja chuvoso, mas pela metade ele já vai se despedindo do verão, é o que diz a letra.

No correr de tudo que a forte correnteza formada pela chuva leva vão também todas as narrativas, todas as dores, tudo que fere. É o momento de renovação. Desse calor criativo tudo desbanca para a calmaria. O verão é muita criação, é demais, abunda. Há que desaguar levando ladeira abaixo tudo que sobrou, os restos. O lixo impróprio. É voltar a cabeça ao ecológico, limpeza. Preparar o urso à hibernação. Preparar o ser para o descanso que virá. Descanso. Lá na frente, bem lá na frente, haverá outra primavera. Até lá, é preciso limpar a casa. Armazenar os frutos. Ficar bem quietinho a esperar tudo de novo.

“É pau...”. Que letra!

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São muitos os aforismos criados pelo psicanalista Jacques Lacan. O que é um aforismo? Trata-se de verdade máxima indiscutível como alguns axiomas que formam um raciocínio lógico como “Todo homem é mortal. Sou homem; logo, sou mortal”. Nesse sentido, o aforismo lacaniano permite essa lógica já que toda mulher, se assim definida, será inexistente.

Usar um aforismo dessa natureza soa difícil a este século 21 em que as mulheres se declaram empoderadas, em que muitos direitos têm sido a elas delegados. Soaria ainda como antifeminista, talvez até como contrário à existência da mulher.

Se há o Dia Internacional da Mulher, suposto imaginar que ela exista. Homenageá-la com uma festiva data comemorativa e com muitos eventos feministas, então, nesse caso, fica mais difícil para entender o aforismo. De que fala Lacan? São aforismos, não são axiomas, primeiro ponto. Ele aponta que mesmo com todos os avanços científicos de sua época, a mulher ainda é a mãe, o primeiro Outro do sujeito. Mais, no inconsciente, não há diferença sexual; assim, a mulher é também o Outro de um sujeito mulher ou de um sujeito homem.

Não é que não exista o lugar da mulher, é que esse lugar está sempre vazio.

Dá o que pensar.

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A escavação é um romance (2007) de John Preston baseado em fatos reais acontecidos com a tia do escritor, Edith Pretty. O filme (2021) homônimo dirigido por Simon Stone está disponível na Netflix. Ralph Fiennes e Carey Mulligan fazem, respectivamente, os papeis de o estivador e de Edith. Na década de 30, essa escavação revelou um grande achado, um feito memorável. O que encontraram foi um navio funerário da época em que os anglo-saxões estavam na Grã Bretanha. O tesouro foi doado ao Museu Britânico.

O interessante ao espectador familiarizado com os processos psicanalíticos é pensar nas camadas que se revelam durante análises, são as interpretações que surgem ao longo do período. São de fato metáforas de escavações, retiradas de materiais recalcados, esquecidos em um terreno. Um escavador é cuidadoso, analisa parte a parte o material retirado. Monta o quebra-cabeça. Qualquer desatenção é fatal e destruidora do precioso artefato muito bem guardado pelo tempo. Depois tudo pode ser passado, levado a museus. Ou não. E os fantasmas podem nos perseguir vida afora.

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