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Blogue da Roseli

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Foto do escritor: RoseliRoseli

A obra de Stendhal, pseudônimo de Henri-Marie Beyle, é um clássico francês publicado em 1830 pela editora Levausser, originalmente com o subtítulo Crônicas do século XIX. Pode ser vista como um romance histórico já que acompanha o personagem Julien Sorel desde sua origem provinciana até a chegada a Paris em meio à sociedade corrupta, tediosa e cheia de ganância. Supostamente a ação narrativa cobre o período da Revolução de 1830 (entre 1826 e 1830). O centro está em Sorel com seus ideais napoleônicos e seus dois amores, respectivamente apresentados no Livro 1 e no Livro 2. Assim, além de histórico, o livro mostra um romance psicológico envolvendo esse triângulo amoroso, Julien, a sra.de Rênal e Mathilde de La Mole. Essas relações fazem supor que a obra, pela própria época, seja um romance com características do Romantismo; no entanto, o que se depreende do livro cuja narrativa se molda a esses três personagens é uma dura crítica a uma sociedade vazia e medíocre cuja análise está presente em muitos romances do Realismo. Nesse sentido, a obra poderia ser reconhecida como um dos romances de abertura do Realismo, embora esse mérito esteja com a obra de Balzac.

Uma questão que ganha até hoje suposições é o título da obra. Por que O vermelho e o negro? Muitas discussões sobre isso, o autor nunca explicou esse nome. O que se pode deduzir é que o vermelho é o sangrento debate das guerras e da morte e, talvez, o preto pudesse invocar o uso da batina. Ambos os elementos experimentados por Julien Sorel.

Confira a Live no Youtube do Instituto Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

 
 
Foto do escritor: RoseliRoseli

O mito do mito. De fã e de louco todo mundo tem um pouco, de Rita Lee, foi publicado em julho de 2024 pela editora Globo. Póstuma publicação por pedido da autora que começou essa criação em 2005, fez várias alterações e em 2019 o livro estava pronto. No entanto, apesar de ter deixado toda a concepção pronta, Rita Lee não queria publicar antes de sua morte. Assim foi feito. Isso tudo pode ser conferido na própria obra em nota da autora. O mito do mito contém citações diretas e indiretas de obras da literatura como é o caso de Alice, de Lewis Carroll. Ficam evidentes suas críticas a rodeios e a atos de maus tratos de animais; no caso, Rita aponta ser fã de Brigite Bardot que levou essas questões ao mundo.

A sessão está ficticiamente representada pelo guru que a recebe em um casarão envelhecido no centro da capital de São Paulo, cidade em que Lee morou e a quem sempre dedicou enorme carinho. Por conta dessa análise com o Dr Eric von Kasperhauss (associação ao filme O enigma de Kaspar Hauser?), o leitor vai descortinando dados do lado fã de Rita, assim como percebe claramente que ela entendia um bocado de psicanálise que está presente por toda a obra como se vê no trecho: “Digamos que era uma tragédia grega do ego freude-se, jungue-se, lacaniane-se da fã-terapeuta rejeitada em relação à expaciente.” (LEE, 2024). Esses neologismos juntam-se a criações de frases que são compostas por letras de suas canções e que estão em devido contexto.

Temas complexos como o uso de drogas e de sua esquizofrenia também são constantes no livro que não faz apologia do uso de qualquer substância, mas expõe as mazelas de usuários, alcoólatras inclusos.

A obra é conduzida em primeira pessoa, um narrador que pode (ou não) ser a autora, tem a metalinguagem de se ver questionada pelo guru e ainda concentra um toque irônico principalmente quando entra em cena Vivi que, para assegurar a irmã (fato verdade), fica como ponto do lado de fora em um acampamento que poderia ser visto como a Cracolândia em São Paulo.

Sem maniqueísmos, a obra traz a família de Rita Lee de forma bastante informal, destacando o companheirismo do marido, Roberto de Carvalho, a quem Lee atribui sua segurança, seu suporte.

Produzida pela própria Lee, como dissemos, a obra é belíssima graficamente falando e aponta uma inversão (de cabeça para baixo mesmo) do livro de maneira que podemos observar a narrativa no casarão, e do outro lado os tipos de fã que a autora elenca; aliás sobre ela mesma como fã. Em vermelho e preto. Nada em branco e preto como bem sempre se apresentou a cantora.

Confira a Live no Youtube do Instituto Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

 
 
Foto do escritor: RoseliRoseli

Quando o filme Grande Sertão estreou (2024), dirigido por Guel Arraes, carregava no elenco o ator Caio Blat que já havia interpretado o jagunço Riobaldo no teatro (2018, direção de Bia Lessa). Em ambos, o ator faz um belíssimo trabalho.

Efêmera que é, a arte teatral fica na memória e nos comentários de quem viu. O filme, no entanto, por enquanto, está nas salas de cinema e deverá a qualquer momento entrar no streaming.

Unindo ambos está a obra de Guimarães Rosa, grandiosa e perene dando margem a interpretações diversas e em outras ferramentas. Isso significa que muita gente ama, odeia, dá de ombros com as novas leituras, mas ninguém fica indiferente. O livro veio a público em 1956 e pode dar a perceber que engendra uma leitura regionalista tão somente. No entanto, Grande Sertão. Veredas ‘enredilha’ contexto de uma década em que o Concretismo se firmava com os irmãos Campos e Décio Pignatari o que confere um artesanato da linguagem desse livro.

Texto, teatro, filme buscam e alcançam a magia da linguagem poética e filosófica de Riobaldo com aforismos que se eternizaram no mundo literário: ‘mire veja’, ‘o diabo na rua no meio do rodamunho’, ‘muita coisa importante falta nome’, ‘o diabo não há...existe é homem humano. Travessia’.

Mais ainda, a obra, e isso se mantém nas adaptações, segura um suspense da relação Riobaldo – Diadorim. ‘O sertão é dentro da gente’.

Veja a live no YouTube do Instituo Legus https://www.youtube.com/c/INSTITUTOLEGUS/videos

 
 
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